Especialistas alertam: é preciso fomentar o ócio criativo como método que auxilia na absorção do conhecimento durante os estudos e na produtividade no trabalho
Já estamos no meio do ano e é preciso dosar o fôlego para chegar inteiro ao final do semestre e cumprir as metas. Especialmente para os estudantes, já é sabido que a período de descanso favorece a internalização do conhecimento e o consequente rendimento dele.
Estudar demanda muita energia e, muitas vezes, isso é negligenciado por quem o faz. Pequenas pausas diárias, descanso no final de semana e até períodos mais prolongados de descanso são válidos.
E o cenário de pós-pandemia da Covid-19 mostra que a doença e o isolamento alteraram o comportamento dos estudantes. Dados de um estudo desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Ensino em Biociências e Saúde do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), no final de 2022, com participação de pesquisadores do IOC e da Universidade Federal Fluminense (UFF) indicam que, entre cerca de 6 mil estudantes brasileiros, 80% reportaram falta de motivação e problemas de concentração após a pandemia. Os resultados foram publicados em um artigo na revista científica International Journal of Educational Research Open.
Para especialistas em estudos e carreiras, saber a hora de parar, entender como aliviar o estresse para ter um repouso restaurador e retomar as atividades no timing correto é um comportamento primordial. Ana Paula Veloso, psicóloga e coordenadora do Núcleo de carreiras da Faculdade SKEMA, enfatiza que a sociedade contemporânea é hiperconectada e isso pode ser um problema. Para ela, estudar com qualidade inclui o descanso e pausas, que faz parte da construção qualitativa do conhecimento.
“O entendimento de que estudar é apenas sentar, ler, ter aulas e exercitar o conhecimento é incompleto e perigoso. O vício da pressa e da necessidade de produtividade total o tempo todo tomou conta de grande parte dos estudantes e profissionais. E o resultado é uma mente mais cansada e menos produtiva. Comportamentos apressados acabam reduzindo a capacidade de reflexão e, no campo da aprendizagem, a reflexão é um passo importantíssimo para a consolidação da aprendizagem”
Esse foi o caso de Rafael Avelar, de 19, anos estudante do terceiro período de administração na Faculdade SKEMA. Ele estava com dificuldades em contabilidade e tentou resolver aumentando o período de estudo, sem sucesso. Foi então que ele procurou no Núcleo de Carreiras da instituição um suporte para otimizar seus esforços.
“Consegui montar um cronograma compatível com a minha rotina, equilibrando a quantidade certa de tempo e conteúdos adequados estudados por dia. Aprendi a parar quando terminava a sessão planejada de estudos e a respeitar os momentos em que os estudos não rendiam”, afirma Rafael.
A especialista reforça ainda que pequenos intervalos colaboram para que as pausas maiores sejam proveitosas. E mais, fazem render, as horas de produtividade. Momentos de meditação, um cochilo de 15 minutos depois do almoço, uma caminhada até a padaria na hora do café, são recursos para oxigenar a mente. Ana Paula finaliza enfatizando a importância do cultivo da cultura da valorização do descanso para a eficiência na aprendizagem e no trabalho.
“Inicialmente, as pausas para a reflexão e o ócio podem nos causar estranheza. Mas, aos poucos, devemos exercitar e incorporar esse hábito na nossa rotina, além de tentar aproveitar esses momentos de vazio mental para absorver melhor o conhecimento. Podemos extrair daí grandes significados, elaborações pessoais e registro dos conteúdos estudados e tudo isso colabora com nossa carreira profissional”, finaliza.
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